(...)Até que tudo emudeceu sem motivo dentro daquele espaço onde ambos ficaram pensativos e surdos por instantes. Era um intervalo inesperado onde o rapaz poderia ter-lhe aplicado um soco firme em cima da boca como gostaria aquela bela cadela que certamente ela se orgulhava de ser, mas se odiou irremediavelmente porque na realidade faria isso num espasmo de agonia para roubar-lhe um beijo de amor; um beijo de absolvição; um beijo para resgatá-la de si mesma.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Resultado de uma mesa branca com Nelson Rodrigues, em 25 de dezembro.
para André, Maryland e Sarah Damasceno.
*baseado em fatos reais.
Ocorria que, enquanto o rapaz tentava encontrar uma cara com a qual pudesse encarar sua infeliz impressão, ela prosseguia com ânimo e indiferença, envolvida naquele seu assunto sem vergonha onde mais parecia uma criança seminua e sem infância, partilhando o melhor de todos os desejos realizados pelo próprio bom velhinho, em pessoa. Em conseqüência, ela não deixava passar um mínimo cheiro ou ardor no branco, elogiando as cenas que havia protagonizado com uma riqueza inconveniente de detalhes e um equivalente afetivo proporcional ao colorido que dava às suas recordações para que mais tarde, em particular consigo, reunisse estes seus preciosos resquícios na construção do que vivenciava como segurança útil à manutenção daquela sua postura de mulher estruturada e resolvida pela entrega última do primeiro de tantos outros casos.
O rapaz apenas olhava o chão, pois nada podia fazer. No muito, sentia uma esperança ridícula lhe envergonhando um lugar estranho na alma, e ainda que buscasse um subterfúgio dentre o mais convincente dos enganos; necessário, o seu corpo, já resumindo ao corpo de um pobre coitado, se deslocava em todas as direções numa tentativa esmagadora de se encaixar no único tamanho e na única largura que ele, infelizmente, tinha. Porém, todo este entulho de constatações, apesar de fabricarem um nó doloroso de injúria em seu peito, aconteciam como um grande naufrágio silencioso e inevitável porque jamais poderia aguarrar-se nem mesmo à sua mesquinha vontade de herói sem feitos ou pior, perceber que este efeito já diagnosticava uma iminente armadilha para ele: ele mesmo.
Mas a desgraça no fim das contas, era não mais saber onde ficava o seu peito. E agora? Estaria na ponta dos dedos? No gato escondido da chuva que trovejava cair? Na traição sem traição cometida? No filho que gostaria de ver chamando-a de mãe? Em que músculo? Em que osso? Em que ilha? Onde, meu Deus? E a falta de todas estas respostas o humilhava como se originassem nele uma desgraça ainda maior: Sentir-se ao mesmo tempo, humanamente agradecido por não saber mais onde latejava o seu peito.
O fato é que, as palavras das quais ela fazia uso emergiam de uma glória coroada de camuflagens, ousadias, traumas e orgias que a mesma lhe expunha de maneira assustadoramente trivial, como se quisesse agredi-lo por pura caridade ao passo em que também aproveitava para se sentir honestamente cruel, pois não se achava cruel, talvez ela não fosse realmente cruel, mas tinha - ou melhor - ela devia convencer-se de que aquela crueldade, na verdade, não nascia de uma compaixão recheada de anseios recíprocos, sobretudo porque a contradição agora lhe fragilizava e isto representava um risco imperdoável diante da luxúria que sentia por ser uma mulher independente, sem apegos ou remorsos.
Até que tudo emudeceu sem motivo dentro daquele espaço onde ambos ficaram pensativos e surdos por instantes. Era um intervalo inesperado onde o rapaz poderia ter-lhe aplicado um soco firme em cima da boca como gostaria aquela bela cadela que certamente ela se orgulhava de ser, mas se odiou irremediavelmente porque na realidade faria isso num espasmo de agonia para roubar-lhe um beijo de amor; um beijo de absolvição; um beijo para resgatá-la de si mesma.
Mas, não. Sufocou o ímpeto, dividido como um assassino passional bebendo alguns goles de uísque diante do ato irremissível, e preferiu respirar descobrindo, sem susto algum, que havia esquecido de respirar.
Ela, por sua vez, deitou-se no sofá assim que pressentiu uma singular erupção lhe subindo do ventre à garganta; afrouxando suas amarras; dissolvendo-a; inundando-a por dentro, e neste momento não entendeu porque desejou dar um forte abraço em seu falecido avô, pois sentira com rara ternura e grave emoção a fatalidade essencial: o melhor medo de uma vida.
Ainda alí, o rapaz deixou escapar um movimento daquele estado ausente em que se achava; um movimento sem nome e que de imediato quebrou algo no ambiente pouco antes invisível, despertando-os daquele segundo secular e paralelo onde tudo ao redor havia se apagado também. Bastou. De súbito, ela engoliu à seco aquele tremor íntimo e maldito elaborando com emergência, um sorriso torto de compensação e em seguida, aproveitou, sem sutileza alguma, a mudança vertical nas coisas para se resgatar de uma vez por todas, retomando agora de modo amável, doce e sobretudo ferido que, gemia como uma prostituta não apenas porque o sexo se goza, mas porque sentia nas entranhas um prazer quase antropofágico quando os sicranos e/ou beltranos lhe apunhalavam energicamente a submissão e que, a sua maior satisfação, ela gritava, alcançava a plenitude quando a experiência em questão lhe proporcionava a certeza de que realmente era uma vagabunda e que esta certeza se confirmava principalmente se combinada com ofensas, esforços e safanões à medida em que lhe derramavam espumante gelado nas costas e nas partes.
Depois tudo fez-se reticência, e depois ela se voltou para o rapaz, mas encontrou apenas a porta e o portão abertos e só aí pôs-se, enfim, a chorar, convulsivamente.
*baseado em fatos reais.
Ocorria que, enquanto o rapaz tentava encontrar uma cara com a qual pudesse encarar sua infeliz impressão, ela prosseguia com ânimo e indiferença, envolvida naquele seu assunto sem vergonha onde mais parecia uma criança seminua e sem infância, partilhando o melhor de todos os desejos realizados pelo próprio bom velhinho, em pessoa. Em conseqüência, ela não deixava passar um mínimo cheiro ou ardor no branco, elogiando as cenas que havia protagonizado com uma riqueza inconveniente de detalhes e um equivalente afetivo proporcional ao colorido que dava às suas recordações para que mais tarde, em particular consigo, reunisse estes seus preciosos resquícios na construção do que vivenciava como segurança útil à manutenção daquela sua postura de mulher estruturada e resolvida pela entrega última do primeiro de tantos outros casos.
O rapaz apenas olhava o chão, pois nada podia fazer. No muito, sentia uma esperança ridícula lhe envergonhando um lugar estranho na alma, e ainda que buscasse um subterfúgio dentre o mais convincente dos enganos; necessário, o seu corpo, já resumindo ao corpo de um pobre coitado, se deslocava em todas as direções numa tentativa esmagadora de se encaixar no único tamanho e na única largura que ele, infelizmente, tinha. Porém, todo este entulho de constatações, apesar de fabricarem um nó doloroso de injúria em seu peito, aconteciam como um grande naufrágio silencioso e inevitável porque jamais poderia aguarrar-se nem mesmo à sua mesquinha vontade de herói sem feitos ou pior, perceber que este efeito já diagnosticava uma iminente armadilha para ele: ele mesmo.
Mas a desgraça no fim das contas, era não mais saber onde ficava o seu peito. E agora? Estaria na ponta dos dedos? No gato escondido da chuva que trovejava cair? Na traição sem traição cometida? No filho que gostaria de ver chamando-a de mãe? Em que músculo? Em que osso? Em que ilha? Onde, meu Deus? E a falta de todas estas respostas o humilhava como se originassem nele uma desgraça ainda maior: Sentir-se ao mesmo tempo, humanamente agradecido por não saber mais onde latejava o seu peito.
O fato é que, as palavras das quais ela fazia uso emergiam de uma glória coroada de camuflagens, ousadias, traumas e orgias que a mesma lhe expunha de maneira assustadoramente trivial, como se quisesse agredi-lo por pura caridade ao passo em que também aproveitava para se sentir honestamente cruel, pois não se achava cruel, talvez ela não fosse realmente cruel, mas tinha - ou melhor - ela devia convencer-se de que aquela crueldade, na verdade, não nascia de uma compaixão recheada de anseios recíprocos, sobretudo porque a contradição agora lhe fragilizava e isto representava um risco imperdoável diante da luxúria que sentia por ser uma mulher independente, sem apegos ou remorsos.
Até que tudo emudeceu sem motivo dentro daquele espaço onde ambos ficaram pensativos e surdos por instantes. Era um intervalo inesperado onde o rapaz poderia ter-lhe aplicado um soco firme em cima da boca como gostaria aquela bela cadela que certamente ela se orgulhava de ser, mas se odiou irremediavelmente porque na realidade faria isso num espasmo de agonia para roubar-lhe um beijo de amor; um beijo de absolvição; um beijo para resgatá-la de si mesma.
Mas, não. Sufocou o ímpeto, dividido como um assassino passional bebendo alguns goles de uísque diante do ato irremissível, e preferiu respirar descobrindo, sem susto algum, que havia esquecido de respirar.
Ela, por sua vez, deitou-se no sofá assim que pressentiu uma singular erupção lhe subindo do ventre à garganta; afrouxando suas amarras; dissolvendo-a; inundando-a por dentro, e neste momento não entendeu porque desejou dar um forte abraço em seu falecido avô, pois sentira com rara ternura e grave emoção a fatalidade essencial: o melhor medo de uma vida.
Ainda alí, o rapaz deixou escapar um movimento daquele estado ausente em que se achava; um movimento sem nome e que de imediato quebrou algo no ambiente pouco antes invisível, despertando-os daquele segundo secular e paralelo onde tudo ao redor havia se apagado também. Bastou. De súbito, ela engoliu à seco aquele tremor íntimo e maldito elaborando com emergência, um sorriso torto de compensação e em seguida, aproveitou, sem sutileza alguma, a mudança vertical nas coisas para se resgatar de uma vez por todas, retomando agora de modo amável, doce e sobretudo ferido que, gemia como uma prostituta não apenas porque o sexo se goza, mas porque sentia nas entranhas um prazer quase antropofágico quando os sicranos e/ou beltranos lhe apunhalavam energicamente a submissão e que, a sua maior satisfação, ela gritava, alcançava a plenitude quando a experiência em questão lhe proporcionava a certeza de que realmente era uma vagabunda e que esta certeza se confirmava principalmente se combinada com ofensas, esforços e safanões à medida em que lhe derramavam espumante gelado nas costas e nas partes.
Depois tudo fez-se reticência, e depois ela se voltou para o rapaz, mas encontrou apenas a porta e o portão abertos e só aí pôs-se, enfim, a chorar, convulsivamente.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Barra vento
Cada
atabaque
batucada
bate
batuca
batuca
batuca
atabaque
No bate que
bate de baque
pro
baque
batuca
batuca
batuca
atabaque
D'um toque'o
ataque pro
toque que
taque
batuca
batuca
batuca
atabaque
De toque pro baque
Do bate pro bate
catuba
catuba
catuba
atabaque
Que toque o ataque.
Que toque, atabaque!
Batuca batuca batucada bate.
Se'o toque d'ataque
se bate, que baque!
Batuca batuca
batuca atabaque
na roda que gire'o
toque te gira e o
baque te gira pro
toque de gira e
no baque te Sá
e na roda e Rá
e se gira, í Vá!
atabaque
batucada
bate
batuca
batuca
batuca
atabaque
No bate que
bate de baque
pro
baque
batuca
batuca
batuca
atabaque
D'um toque'o
ataque pro
toque que
taque
batuca
batuca
batuca
atabaque
De toque pro baque
Do bate pro bate
catuba
catuba
catuba
atabaque
Que toque o ataque.
Que toque, atabaque!
Batuca batuca batucada bate.
Se'o toque d'ataque
se bate, que baque!
Batuca batuca
batuca atabaque
na roda que gire'o
toque te gira e o
baque te gira pro
toque de gira e
no baque te Sá
e na roda e Rá
e se gira, í Vá!
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Império Três por Quatro
Bom! Já que a gente não bebe junto e nem se encontra por aí eu senti saudades e decidi arrumar um meio de evitar que a erosão nos destrua. Felizmente uns amigos se identificaram com a presença constante desta mesma distancia, e como a bebida é barata e o cigarro nunca falta, misturamos tudo em uma só direcção (…).
A Conclusão: Deveríamos ir para Acapulco, mas como não temos tanta cachaça para tanto resolvemos isso tocando. Ainda estamos em fase de teste, porém decidimos compartilhar esse processo com você.
http://imperiotresporquatro.tumblr.com/
Obs: todos os direitos autorais estão reservados ao autor.
https://twitter.com/I3x4
Voz e letra- Alex D'Castro
Violões- Sérgio Andrade e Alex D'Castro
Guitarras- Rodrigo Almeida
Agradecimentos:
Marcos de Paula,
Rodrigo Almeida,
Gouveia Menezes,
J. Barros,
André de Oliveira,
Júnior Holanda e
"Maria Flor".
*Estamos precisando de baterista, baixista e guitarrista.
Contato:
augusto_kstro@hotmail.com
A Conclusão: Deveríamos ir para Acapulco, mas como não temos tanta cachaça para tanto resolvemos isso tocando. Ainda estamos em fase de teste, porém decidimos compartilhar esse processo com você.
http://imperiotresporquatro.tumblr.com/
Obs: todos os direitos autorais estão reservados ao autor.
https://twitter.com/I3x4
Voz e letra- Alex D'Castro
Violões- Sérgio Andrade e Alex D'Castro
Guitarras- Rodrigo Almeida
Agradecimentos:
Marcos de Paula,
Rodrigo Almeida,
Gouveia Menezes,
J. Barros,
André de Oliveira,
Júnior Holanda e
"Maria Flor".
*Estamos precisando de baterista, baixista e guitarrista.
Contato:
augusto_kstro@hotmail.com
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
pra Maria Flor (canção)
Agora que achei um bom lugar pra descansar
Teu olhar me convenceu que eu não devo fracassar.
Agora que roubei um bem melhor que evitar
Me falar não vai dizer no que pensei pra te agradar.
Tenho poucos amigos e um vinil de samba antigo
E muito tem me abatido ter vivido disso que só
Era esperar.
Só era esperar...
Agora quando ando distraído ou paro por aí, não sei
porém procuro te achar pra dividir que
eu gosto de gostar de ti, Paris.
Agora que passei a me guardar pra não errar
meu acerto planejado vem falhando em acertar.
Agora que não tinha quase nada pra empatar
descobri que é parte do jogo ser pior
pro que bom melhorar.
Tenho me arrependido por não ser um bom bandido.
O que é ruim é um mal relativo. Todo o resto é imprevisto.
Nada mais. Ademais, improviso. Meu amor!
Agora quando ando distraído ou paro por ai, não sei, porém
procuro te achar pra dividir porque te amar, Paris, é como sorrir.
(Alex D'Castro)
segunda-feira, 5 de julho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
A Tradição do Entardecer
Meu ombro nasce um pássaro desprendido e
Que agora, foi aquela gaivota que migrou para o leste.
Antes dela, havia um pranto que se definiu como elemento
Separado pelo desembaraço resultante da metamorfose.
Outrora, este movimento oculto fora um líquido intuitivo;
Um elo solene entre o abstrato e o surreal.
Agora, não. Agora o casulo foi rompido; a gaiola enfim, vencida;
Como uma baleia encalhada ressecando ao longo do litoral e que
Logo mais, será como os escombros de um cais cuja história não
Permanecerá na recordação das próximas gerações.
Me resta o esboço impreciso dessas formas caminhando em direção aos
Recifes; O fantasmagórico uivo dos ventos que vem do incognoscível e
se vão para o esquecimento; E um distante monumento sem nome
Que em mim, se ergue como um velho adeus para as embarcações.
Que agora, foi aquela gaivota que migrou para o leste.
Antes dela, havia um pranto que se definiu como elemento
Separado pelo desembaraço resultante da metamorfose.
Outrora, este movimento oculto fora um líquido intuitivo;
Um elo solene entre o abstrato e o surreal.
Agora, não. Agora o casulo foi rompido; a gaiola enfim, vencida;
Como uma baleia encalhada ressecando ao longo do litoral e que
Logo mais, será como os escombros de um cais cuja história não
Permanecerá na recordação das próximas gerações.
Me resta o esboço impreciso dessas formas caminhando em direção aos
Recifes; O fantasmagórico uivo dos ventos que vem do incognoscível e
se vão para o esquecimento; E um distante monumento sem nome
Que em mim, se ergue como um velho adeus para as embarcações.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
A metáfora do silêncio que não passou de um breve olhar (crônica)
Perdi o fio da meada e logo em seguida, cometi o oitavo pecado:
Pedi desculpas por - sem querer - ter furado o indicador esquerdo.
Como se ainda não fosse o bastante, pressionei, com o polegar,
o dedo lesionado, obedecendo - instintivamente – ao impulso dos
sustos gerados pelo equivalente nocivo.
E então, sem ao menos agir feito homem de maldade lapidada,
membro duro e amantes caras, disse (não sei se novamente) :
Desculpe...
E agravando minha nudez setecentas e quarenta e oito vezes despida,
recorri com a voz de quem sempre esteve calado: Des-cul-pa-por-fa-vor...
Por fim, sangrei uma gota injusta, ingênua e medíocre diante da mulher de
óculos escuros e coxas que saiam nuas de sua saia jeans curta e justa,
e sequer encontrei a sorte de um trapo discreto onde pudesse apagar
meu erro craso com qualquer uma dignidade.
Para - quem sabe - não deixar vestígios.
Foi como fazer uma pergunta e ficar ilhado pela perplexidade de todos os
que estavam certos de que todos, como eles, sabiam a resposta, e emudecer; octogenário, e já sem eufemismos ou aforismos.
Foi como tropeçar nos próprios calcanhares e cair sob os joelhos mas
só torcer um dos tornozelos.
Foi como amar a ser amado sem pelo menos dar-se o merecimento puro de
esquecer que, se o amor acaba é porque chegou ao fim apenas para uma das partes.
Foi como ser o único a ultrapassar o atropelo exclamando que a Divina Providência
tarda mas intercede, e isso bem no centro de uma elite de intelectuais ateus e cinéfilos.
Foi como não ter suportado a expectativa dilatada por uma possibilidade quase lúdica,
e ceder: ''Posso, por obséquio, descolocar este lado do seu sutiã para que,
expondo o respectivo seio, me torne filho do mamilo que lhe aprouver a gentileza?''
E exatos oitenta e oito segundos depois ensurdecer de vexame por sentir apenas um ‘’não’’ ermo, proparoxítono e beneficente.
Foi cru.
Ferir-se na agulha com a qual a gente perde o fio da meada diante de uma mulher de
óculos escuros e coxas que saem nuas de sua saia jeans curta e justa, é cru. Ainda mais quando somente um silêncio pode guardar em segredo que essa mesma agulha jamais existiu.
Pedi desculpas por - sem querer - ter furado o indicador esquerdo.
Como se ainda não fosse o bastante, pressionei, com o polegar,
o dedo lesionado, obedecendo - instintivamente – ao impulso dos
sustos gerados pelo equivalente nocivo.
E então, sem ao menos agir feito homem de maldade lapidada,
membro duro e amantes caras, disse (não sei se novamente) :
Desculpe...
E agravando minha nudez setecentas e quarenta e oito vezes despida,
recorri com a voz de quem sempre esteve calado: Des-cul-pa-por-fa-vor...
Por fim, sangrei uma gota injusta, ingênua e medíocre diante da mulher de
óculos escuros e coxas que saiam nuas de sua saia jeans curta e justa,
e sequer encontrei a sorte de um trapo discreto onde pudesse apagar
meu erro craso com qualquer uma dignidade.
Para - quem sabe - não deixar vestígios.
Foi como fazer uma pergunta e ficar ilhado pela perplexidade de todos os
que estavam certos de que todos, como eles, sabiam a resposta, e emudecer; octogenário, e já sem eufemismos ou aforismos.
Foi como tropeçar nos próprios calcanhares e cair sob os joelhos mas
só torcer um dos tornozelos.
Foi como amar a ser amado sem pelo menos dar-se o merecimento puro de
esquecer que, se o amor acaba é porque chegou ao fim apenas para uma das partes.
Foi como ser o único a ultrapassar o atropelo exclamando que a Divina Providência
tarda mas intercede, e isso bem no centro de uma elite de intelectuais ateus e cinéfilos.
Foi como não ter suportado a expectativa dilatada por uma possibilidade quase lúdica,
e ceder: ''Posso, por obséquio, descolocar este lado do seu sutiã para que,
expondo o respectivo seio, me torne filho do mamilo que lhe aprouver a gentileza?''
E exatos oitenta e oito segundos depois ensurdecer de vexame por sentir apenas um ‘’não’’ ermo, proparoxítono e beneficente.
Foi cru.
Ferir-se na agulha com a qual a gente perde o fio da meada diante de uma mulher de
óculos escuros e coxas que saem nuas de sua saia jeans curta e justa, é cru. Ainda mais quando somente um silêncio pode guardar em segredo que essa mesma agulha jamais existiu.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Presságio Circular
Tinges os cílios lhes
ostentando de riscos longos,
definindo leves fios em traços
afiados à nanquim dos cuidados
entretidos em si:
No décimo sétimo andar de
um desses edifícios aí fora
existe um apartamento que
jamais será o domicílio
das nossas tardes de descanso.
Dentro do domingo,
num desses arraiais,
haverá um bonsai não
escolhido por nós
que ficará da praça para
numa estante qualquer
envelhecer no esquecimento.
Longe, no antiquário do casal
Muniz Botelho da Cruz, ficará o
candelabro, a vitrola, o conjunto de xícaras,
os biscuit's e o criado-mudo de jacarandá...
Nós certamente não os encontraremos de repente,
para que depois, discutindo sobre o assunto, penses
como sou tolo, e num dia belo surpresa,
bem nos lugares onde eu e nossa Flor
planejamos que mais gostarias.
Também não me verás te dizendo que
dona Zézé Lá da Quitanda faleceu noite passada
Ou que deu meu terno meio-dia e nós iremos
comprar aqueles chocolates, lembras?
Os dias virão e não veram nossa identidade como
endereço para os Reveillons à dois.
E nós três não completaremos os quinze de setembro
reservados para os que enfim dão uma chance aos versos e as canções.
Entretanto, os desfiles acontecerão naturalmente.
As bandas passarão, normalmente.
E as palmas da multidão darão tamanho para o voo das crianças
e essas, espalhadas por todos os lugares, levaram seus cata-ventos
para o alto da lenta tempestade de retalhos verde-amarelos...
Paciente, feminina e plena
cresces o olhar para o grande espelho,
ergues o rosto claro,
ensaias retoques indignos de
mais do que um impulso, depois ris...
Ris, emergindo de um diálogo particular contigo.
Ris, de dentes, olhos, lábios e ombros para um retrato em sépia.
E quando me reencontro estás lá...
Disposta de corpo inteiro
E os cílios,
noturnos...
E
ris...
Xangai...
Ópio...Poente...
ostentando de riscos longos,
definindo leves fios em traços
afiados à nanquim dos cuidados
entretidos em si:
No décimo sétimo andar de
um desses edifícios aí fora
existe um apartamento que
jamais será o domicílio
das nossas tardes de descanso.
Dentro do domingo,
num desses arraiais,
haverá um bonsai não
escolhido por nós
que ficará da praça para
numa estante qualquer
envelhecer no esquecimento.
Longe, no antiquário do casal
Muniz Botelho da Cruz, ficará o
candelabro, a vitrola, o conjunto de xícaras,
os biscuit's e o criado-mudo de jacarandá...
Nós certamente não os encontraremos de repente,
para que depois, discutindo sobre o assunto, penses
como sou tolo, e num dia belo surpresa,
bem nos lugares onde eu e nossa Flor
planejamos que mais gostarias.
Também não me verás te dizendo que
dona Zézé Lá da Quitanda faleceu noite passada
Ou que deu meu terno meio-dia e nós iremos
comprar aqueles chocolates, lembras?
Os dias virão e não veram nossa identidade como
endereço para os Reveillons à dois.
E nós três não completaremos os quinze de setembro
reservados para os que enfim dão uma chance aos versos e as canções.
Entretanto, os desfiles acontecerão naturalmente.
As bandas passarão, normalmente.
E as palmas da multidão darão tamanho para o voo das crianças
e essas, espalhadas por todos os lugares, levaram seus cata-ventos
para o alto da lenta tempestade de retalhos verde-amarelos...
Paciente, feminina e plena
cresces o olhar para o grande espelho,
ergues o rosto claro,
ensaias retoques indignos de
mais do que um impulso, depois ris...
Ris, emergindo de um diálogo particular contigo.
Ris, de dentes, olhos, lábios e ombros para um retrato em sépia.
E quando me reencontro estás lá...
Disposta de corpo inteiro
E os cílios,
noturnos...
E
ris...
Xangai...
Ópio...Poente...
quinta-feira, 20 de maio de 2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Cantábile
Me ficará vivo o
encanto em qual
fui envolvido por ti
como o alvor irremediável e
legítimo de um milagre filarmônico
que desenvolvido
em meu íntimo
o resplandeceu
propagando
meu coração por
todo o espírito.
encanto em qual
fui envolvido por ti
como o alvor irremediável e
legítimo de um milagre filarmônico
que desenvolvido
em meu íntimo
o resplandeceu
propagando
meu coração por
todo o espírito.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
O Astronauta e a Fotossíntese
Quando digo que te amo não digo que te amo, somente.
Digo que estou vasto de um instinto inestimavelmente humano;
digo que estou repleto de uma vulnerabilidade secreta, invencível
e radiante.
Não te digo te amo para pedir igual retribuição de tua parte.
Não te digo te amo para que me devolvas algo que jamais foi se
não teu antes de mim, mas que agora, se repartindo , tem para si
o que jamais foi se não meu antes de ti.
Quando digo que te amo não apenas
cresço enquanto perco alcance e ganho altura.
Cresço enquanto perco altura e ganho alcance, incessantemente:
Ultrapassando dimensões e expadindo limites; entregando,
permitindo, concebendo e admitindo. E não; duvidando,
descuidando, escondendo e ressentindo.
O amor de onde extraio que te amo gosta de querer-te e isso
gera a sua vitalidade simplesmente porque é adorando adorando
e te adorando e adorando que ele se torna o que é.
Quando te amo, mas não digo, te amo como único protetor de
um misticismo delicado e esclarecedor de perguntas que nem
mesmo chegarei a viver à cura das repostas.
E, sobretudo, quando digo que te amo digo que eu te amo
nem sabendo como ou o quanto, uma vez que se entendesse de que modo te amo,
logo estaria correndo o decifrável risco de também saber como não te amar.
Por isso, quando disser ‘’eu-te-amo’’ não
estarei dizendo que te amo, somente:
estou em fotossíntese diante da imortalidade.
Digo que estou vasto de um instinto inestimavelmente humano;
digo que estou repleto de uma vulnerabilidade secreta, invencível
e radiante.
Não te digo te amo para pedir igual retribuição de tua parte.
Não te digo te amo para que me devolvas algo que jamais foi se
não teu antes de mim, mas que agora, se repartindo , tem para si
o que jamais foi se não meu antes de ti.
Quando digo que te amo não apenas
cresço enquanto perco alcance e ganho altura.
Cresço enquanto perco altura e ganho alcance, incessantemente:
Ultrapassando dimensões e expadindo limites; entregando,
permitindo, concebendo e admitindo. E não; duvidando,
descuidando, escondendo e ressentindo.
O amor de onde extraio que te amo gosta de querer-te e isso
gera a sua vitalidade simplesmente porque é adorando adorando
e te adorando e adorando que ele se torna o que é.
Quando te amo, mas não digo, te amo como único protetor de
um misticismo delicado e esclarecedor de perguntas que nem
mesmo chegarei a viver à cura das repostas.
E, sobretudo, quando digo que te amo digo que eu te amo
nem sabendo como ou o quanto, uma vez que se entendesse de que modo te amo,
logo estaria correndo o decifrável risco de também saber como não te amar.
Por isso, quando disser ‘’eu-te-amo’’ não
estarei dizendo que te amo, somente:
estou em fotossíntese diante da imortalidade.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 4 de março de 2010
Silhuetas
Que tuas pernas sejam minhas asas e
teus abraços pelas minhas costas, saiam
E meus músculos nas suas tremulas buscas
encontraram assaz força nos teus beijos.
Que tuas mãos sejam minhas marcas e
que teus seios intensos e morenos em
meus lábios se suponham preenchidos de ti
E eu, pássaro, ei de esforçar as minhas asas e te
sentir voar, abertamente.
Que tuas formas, entre dentes
Dentre
me tenham e que teus ais aos
meus recheios, Fénix
até que eu Pôr-do-sol
E então as àguas em dócil fluxo ganharam
os largos timbres das incessantes nascentes
e os compostos em repouso morno
enfim, encontraram em nós
uma só convicção.
teus abraços pelas minhas costas, saiam
E meus músculos nas suas tremulas buscas
encontraram assaz força nos teus beijos.
Que tuas mãos sejam minhas marcas e
que teus seios intensos e morenos em
meus lábios se suponham preenchidos de ti
E eu, pássaro, ei de esforçar as minhas asas e te
sentir voar, abertamente.
Que tuas formas, entre dentes
Dentre
me tenham e que teus ais aos
meus recheios, Fénix
até que eu Pôr-do-sol
E então as àguas em dócil fluxo ganharam
os largos timbres das incessantes nascentes
e os compostos em repouso morno
enfim, encontraram em nós
uma só convicção.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Fractal
Que dimensão de azul céu ou mar cá por
dentro terá outro carinho em contemplação que
não esse 'crescendo' repleto de fascínio e devoção?
Que outra regência resplandecendo em
latente resignação haverá, Moça na janela?
E que mistério da vida agora não passará de
um menino machucado da fé que lhe fará voar?
E que vontade ofuscante de te levar;
de rir; de ganhar; de esqueçer e de me perder contigo!
E de repente foliões confetes e evoluções
celebrando anseios bem mais que humanos; remissíveis.
E ficar e ficar vivenciando as delícias dessas cores,
escutando o ar bem vindo nas folhas mais do que vivas; verdes.
E rodar, correr, pular e nunca mais temer.
Depois - quando, não sei - rodar de liberdade
até nos vermos caidos no meio das plantações.
E esse presente, Santo Deus!
E esse presente como um presente das
festas boas, esperadas desde o fim das chuvas.
E,
nem sei...
Talvez dizer pro povo todo que eu encontrei a
cura pra's coisas que fazem a gente ficar triste.
dentro terá outro carinho em contemplação que
não esse 'crescendo' repleto de fascínio e devoção?
Que outra regência resplandecendo em
latente resignação haverá, Moça na janela?
E que mistério da vida agora não passará de
um menino machucado da fé que lhe fará voar?
E que vontade ofuscante de te levar;
de rir; de ganhar; de esqueçer e de me perder contigo!
E de repente foliões confetes e evoluções
celebrando anseios bem mais que humanos; remissíveis.
E ficar e ficar vivenciando as delícias dessas cores,
escutando o ar bem vindo nas folhas mais do que vivas; verdes.
E rodar, correr, pular e nunca mais temer.
Depois - quando, não sei - rodar de liberdade
até nos vermos caidos no meio das plantações.
E esse presente, Santo Deus!
E esse presente como um presente das
festas boas, esperadas desde o fim das chuvas.
E,
nem sei...
Talvez dizer pro povo todo que eu encontrei a
cura pra's coisas que fazem a gente ficar triste.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Presságio Circular
''Presságio Circular''
Tinges os cílios lhes
ostentando de riscos longos,
definindo leves fios em traços
afiados à nanquim dos cuidados
entretidos em si:
No décimo sétimo andar de
um desses edifícios aí fora
existe um apartamento que
jamais será o domicílio
das nossas tardes de descanso.
Dentro do domingo,
num desses arraiais,
haverá um bonsai não
escolhido por nós
que ficará da praça para
numa estante qualquer
envelhecer no esquecimento.
Longe, no antiquário do casal
Muniz Botelho da Cruz, ficará o
candelabro, a vitrola, o conjunto de xícaras,
os biscuit's e o criado-mudo de jacarandá...
Nós certamente não os encontraremos de repente,
para que depois, discutindo sobre o assunto, penses
como sou tolo, e num dia belo surpresa,
bem nos lugares onde eu e nossa Flor
planejamos que mais gostarias.
Também não me verás te dizendo que
dona Zézé Lá da Quitanda faleceu noite passada
Ou que deu meu terno meio-dia e nós iremos
comprar aqueles chocolates, lembras?
Os dias virão e não veram nossa identidade como
endereço para os Reveillons à dois.
E nós três não completaremos os quinze de setembro
reservados para os que enfim dão uma chance aos versos e as canções.
Entretanto, os desfiles acontecerão naturalmente.
As bandas passarão, normalmente.
E as palmas da multidão darão tamanho para o voo das crianças
e essas, espalhadas por todos os lugares, levaram seus cata-ventos
para o alto da lenta tempestade de retalhos verde-amarelos...
Paciente, feminina e plena
cresces o olhar para o grande espelho,
ergues o rosto claro,
ensaias retoques indignos de
mais do que um impulso, depois ris...
Ris, emergindo de um diálogo particular contigo.
Ris, de dentes, olhos, lábios e ombros para um retrato em sépia.
E quando me reencontro estás lá...
Disposta de corpo inteiro
E os cílios,
noturnos...
E
ris...
Xangai...
Ópio...Poente...
Mon Petit
''A janela que dá para o mundo
não é essa sobre a qual nos debruçamos''.
Ela me disse enquanto testemunhávamos as
nuvens, que mais pareciam deuses anunciando a chuva
logo à cima das mangueiras, e não sei porque nesse instante
compreendi mamãe, quando numa dessas manhãs de
véspera de natal falou: -''Eu era mais feliz na época em que vivia de ilusões''.
Depois a menina, com quem compartilhava biscoitos de aveia e avelã, completou
confessando que estava contente. E então só eu vi quando
me veio uma enchente de pedir que ''por favor'' não me deixasse assim,
como quando falta luz e uma voz ao lado -por mais distante que esteja-
canta de mancinho para que o menino não tenha medo de dormir.
Eu acho que gostava dela e isso me fazia entender o
modo como mamãe me olha sempre que me despeço.
Depois percebi a relação que existe entre o tempo de vida das borboletas e
o percurso mágico da água derretendo o céu antes que tudo silencie.
Era fim de tarde; o teatro estava uma só penumbra e o ambiente lá fora cintilava uma mistura ressentida de 'início de noite', mistério, umedecimento e solidão.
De repente estava brincando no corredor da casa da titia e parei para fechar a janela, onde
suas plantas mais queridas já estavam molhadas.
Eu tinha que chegar no trinco, mas para isso deveria recorrer à ponta dos pés e
olhar para o alto.
Essa foi à primeira vez em que não vi as mãos de titia levando-me pelas mãos.
Quis dizer isso para a menina, que
mais uma vez me estendia os biscoitos de aveia e avelã,
mas ela também já não estava mais ali.
E nesta noite, quando abri a porta
havia faltado luz e mamãe já estava dormindo
porque a janela que dá para o mundo
não é essa sobre a qual nos debruçamos.
não é essa sobre a qual nos debruçamos''.
Ela me disse enquanto testemunhávamos as
nuvens, que mais pareciam deuses anunciando a chuva
logo à cima das mangueiras, e não sei porque nesse instante
compreendi mamãe, quando numa dessas manhãs de
véspera de natal falou: -''Eu era mais feliz na época em que vivia de ilusões''.
Depois a menina, com quem compartilhava biscoitos de aveia e avelã, completou
confessando que estava contente. E então só eu vi quando
me veio uma enchente de pedir que ''por favor'' não me deixasse assim,
como quando falta luz e uma voz ao lado -por mais distante que esteja-
canta de mancinho para que o menino não tenha medo de dormir.
Eu acho que gostava dela e isso me fazia entender o
modo como mamãe me olha sempre que me despeço.
Depois percebi a relação que existe entre o tempo de vida das borboletas e
o percurso mágico da água derretendo o céu antes que tudo silencie.
Era fim de tarde; o teatro estava uma só penumbra e o ambiente lá fora cintilava uma mistura ressentida de 'início de noite', mistério, umedecimento e solidão.
De repente estava brincando no corredor da casa da titia e parei para fechar a janela, onde
suas plantas mais queridas já estavam molhadas.
Eu tinha que chegar no trinco, mas para isso deveria recorrer à ponta dos pés e
olhar para o alto.
Essa foi à primeira vez em que não vi as mãos de titia levando-me pelas mãos.
Quis dizer isso para a menina, que
mais uma vez me estendia os biscoitos de aveia e avelã,
mas ela também já não estava mais ali.
E nesta noite, quando abri a porta
havia faltado luz e mamãe já estava dormindo
porque a janela que dá para o mundo
não é essa sobre a qual nos debruçamos.
Réquiem ao Crepúsculo
Em nome de tudo o que não depende das mãos dos
homens e por tudo o que gera o alívio na confissão dos resgatados,
eu te aceito, Maria das canções e das promessas mais raras
Eu te aceito!
Deixo meus botões hereditários nas velhas caixinhas de ébano que
eram de minha vózinha,
dou meu cão 'firmino' para os cuidados de Eulália
e vamos juntos para Buenos Aires.
De lá podemos ir para o Quinto dos Infernos e
num duelo de Veríssimo nenhum achar defeito,
terminar vendendo fogo pro diabo às custas das
mais gentis lorotas e das mais formidáveis bravuras.
Viu?
Eu te aceito Julieta de Suassuna, realeza!
Eu te aceito, tarde no litoral dos horizontes nos lirismos!
Eu te aceito, vivacidade na veracidade dos meus ímpetos!
E posso não estar dentre os acasos que o amanhã tem para depois,
nem ter tostão algum para te dar uma cerimônia como tua mãe o quer,
mas te aceito mesmo não te dizendo,
mesmo não ganhando estrelas se não as de cidadão comum.
E mesmo não possuindo estrelas o
bastante para te dar um festa de São João
de matar Plutão de inveja,
eu me ganho, pois te aceito!
Eu alimento que te aceito!
Eu me escondo que te aceito!
Eu, de Assis à Buarque, assumo que te aceito!
Mesmo te vendo indo
e meu aceno ficando,
e meu corpo ficando,
e lentamente o Iemanjá partindo...
...as maresias cada vez menos misturadas.
Os pensamentos cada vez mais visíveis...
E um mundo de minúcias reunindo esse
momento num só lugar chamado
Nossa Senhora das Dores.
E lá se vai...
Maria...
Ô, Maria...
homens e por tudo o que gera o alívio na confissão dos resgatados,
eu te aceito, Maria das canções e das promessas mais raras
Eu te aceito!
Deixo meus botões hereditários nas velhas caixinhas de ébano que
eram de minha vózinha,
dou meu cão 'firmino' para os cuidados de Eulália
e vamos juntos para Buenos Aires.
De lá podemos ir para o Quinto dos Infernos e
num duelo de Veríssimo nenhum achar defeito,
terminar vendendo fogo pro diabo às custas das
mais gentis lorotas e das mais formidáveis bravuras.
Viu?
Eu te aceito Julieta de Suassuna, realeza!
Eu te aceito, tarde no litoral dos horizontes nos lirismos!
Eu te aceito, vivacidade na veracidade dos meus ímpetos!
E posso não estar dentre os acasos que o amanhã tem para depois,
nem ter tostão algum para te dar uma cerimônia como tua mãe o quer,
mas te aceito mesmo não te dizendo,
mesmo não ganhando estrelas se não as de cidadão comum.
E mesmo não possuindo estrelas o
bastante para te dar um festa de São João
de matar Plutão de inveja,
eu me ganho, pois te aceito!
Eu alimento que te aceito!
Eu me escondo que te aceito!
Eu, de Assis à Buarque, assumo que te aceito!
Mesmo te vendo indo
e meu aceno ficando,
e meu corpo ficando,
e lentamente o Iemanjá partindo...
...as maresias cada vez menos misturadas.
Os pensamentos cada vez mais visíveis...
E um mundo de minúcias reunindo esse
momento num só lugar chamado
Nossa Senhora das Dores.
E lá se vai...
Maria...
Ô, Maria...
domingo, 7 de fevereiro de 2010
à Rolleyflex
Esse perfume, Laís
Esse cheiro de péle
alva pérola ervas e
algas que tem o teu
tom gelado, menina
Talvez um dos teus
gestos me trazendo
de idímas escondidos
nas tantas vezes em
que te despi como
quem dá paz à um
faminto
Talvez tenha acontecido
enquanto estávas pensando
teus olhos nos longes vindos
de fugas para quintetos de cordas...
Foi quando me uni ao estado
potável que ilumináva o esmisfério
no verão de mil novessentos e trinta e cinco
onde prometemos reencortrar-mos-nos
ainda que o futuro não tivesse o mesmo
calor daquele momento imortal aonde
os convidados, já nas escadárias nos
davam banhos de fábulas e aplausos
esperando os lírios dos planos por nós
esquecidos para o Novembro em que
infalívelmente,
perderemos nossas ilusões.
Esse cheiro de péle
alva pérola ervas e
algas que tem o teu
tom gelado, menina
Talvez um dos teus
gestos me trazendo
de idímas escondidos
nas tantas vezes em
que te despi como
quem dá paz à um
faminto
Talvez tenha acontecido
enquanto estávas pensando
teus olhos nos longes vindos
de fugas para quintetos de cordas...
Foi quando me uni ao estado
potável que ilumináva o esmisfério
no verão de mil novessentos e trinta e cinco
onde prometemos reencortrar-mos-nos
ainda que o futuro não tivesse o mesmo
calor daquele momento imortal aonde
os convidados, já nas escadárias nos
davam banhos de fábulas e aplausos
esperando os lírios dos planos por nós
esquecidos para o Novembro em que
infalívelmente,
perderemos nossas ilusões.
Pelícola Noir
Um cisne de chantili
tomava leite quente
no Little lonely Pubie
situado entre a Coelho Peixoto
e a Dr. Camilo Salgado,
quando um pequeno
brilho de cristal gelado,
num adágio, atravessou
O silêncio da solidão do mundo.
Mas isso não evitou o resultado
gerado pela rivalidade entre
nações imperialistas;
Não reduziu a feiúra
proveniente do genocídio;
E nem ao menos diminuiu o
formigamento na rotina das passagens;
Ninguém viu esse instante reverberando
bonito no ar, exceto
Saint-Simon, Fourier, Robert Owen e
um cisne de chantili ouvindo Lennon em vinil.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
À bachiana nº4
_Amuado curumim?
Cabula dá febre, menino.
Deixe o chorume onde o encontrou.
Vá brincar no café.
Dê um cadinho de dó, vá!
Eu faço um calungo e lhe dô.
...E viu o verde imenso, limpo,
tranquilo, lustrado; ondulando...
Dando maresia pro vento morno.
O céu azul-eterno só não ficava embaixo.
E ergueu a mão em montinho igual cuité emborcado,
pra vista alcançar o tamanho das planícies,
porque gostava de estar de desbravador
ali,no meio do mundo.
A outra mão na cintura o deixava navegante,
corajoso; crioulo de engenho nenhum.
A bainha da calça dobrada no joelho.
Devia ter brincado de pescador mais cedo.
E aquilo em que acreditava então,
defendendo-o do medo, lhe colocou maior
e ''meu Deus!'' como era grande o tempo,
que já corria(imortal)
e a liberdade estava viva em
tudo que o sol tocava.
Infinitos...
Daí entrou no
bosque
e
nunca
mais
voltou.
Cabula dá febre, menino.
Deixe o chorume onde o encontrou.
Vá brincar no café.
Dê um cadinho de dó, vá!
Eu faço um calungo e lhe dô.
...E viu o verde imenso, limpo,
tranquilo, lustrado; ondulando...
Dando maresia pro vento morno.
O céu azul-eterno só não ficava embaixo.
E ergueu a mão em montinho igual cuité emborcado,
pra vista alcançar o tamanho das planícies,
porque gostava de estar de desbravador
ali,no meio do mundo.
A outra mão na cintura o deixava navegante,
corajoso; crioulo de engenho nenhum.
A bainha da calça dobrada no joelho.
Devia ter brincado de pescador mais cedo.
E aquilo em que acreditava então,
defendendo-o do medo, lhe colocou maior
e ''meu Deus!'' como era grande o tempo,
que já corria(imortal)
e a liberdade estava viva em
tudo que o sol tocava.
Infinitos...
Daí entrou no
bosque
e
nunca
mais
voltou.
Assinar:
Postagens (Atom)