terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Réquiem ao Crepúsculo

Em nome de tudo o que não depende das mãos dos
homens e por tudo o que gera o alívio na confissão dos resgatados,
eu te aceito, Maria das canções e das promessas mais raras
Eu te aceito!

Deixo meus botões hereditários nas velhas caixinhas de ébano que
eram de minha vózinha,
dou meu cão 'firmino' para os cuidados de Eulália
e vamos juntos para Buenos Aires.
De lá podemos ir para o Quinto dos Infernos e
num duelo de Veríssimo nenhum achar defeito,
terminar vendendo fogo pro diabo às custas das
mais gentis lorotas e das mais formidáveis bravuras.

Viu?
Eu te aceito Julieta de Suassuna, realeza!
Eu te aceito, tarde no litoral dos horizontes nos lirismos!
Eu te aceito, vivacidade na veracidade dos meus ímpetos!
E posso não estar dentre os acasos que o amanhã tem para depois,
nem ter tostão algum para te dar uma cerimônia como tua mãe o quer,
mas te aceito mesmo não te dizendo,
mesmo não ganhando estrelas se não as de cidadão comum.

E mesmo não possuindo estrelas o
bastante para te dar um festa de São João
de matar Plutão de inveja,
eu me ganho, pois te aceito!
Eu alimento que te aceito!
Eu me escondo que te aceito!
Eu, de Assis à Buarque, assumo que te aceito!

Mesmo te vendo indo
e meu aceno ficando,
e meu corpo ficando,
e lentamente o Iemanjá partindo...
...as maresias cada vez menos misturadas.
Os pensamentos cada vez mais visíveis...
E um mundo de minúcias reunindo esse
momento num só lugar chamado
Nossa Senhora das Dores.

E lá se vai...

Maria...
Ô, Maria...

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