quarta-feira, 24 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Resultado de uma mesa branca com Nelson Rodrigues, em 25 de dezembro.

para André, Maryland e Sarah Damasceno.



*baseado em fatos reais.

Ocorria que, enquanto o rapaz tentava encontrar uma cara com a qual pudesse encarar sua infeliz impressão, ela prosseguia com ânimo e indiferença, envolvida naquele seu assunto sem vergonha onde mais parecia uma criança seminua e sem infância, partilhando o melhor de todos os desejos realizados pelo próprio bom velhinho, em pessoa. Em conseqüência, ela não deixava passar um mínimo cheiro ou ardor no branco, elogiando as cenas que havia protagonizado com uma riqueza inconveniente de detalhes e um equivalente afetivo proporcional ao colorido que dava às suas recordações para que mais tarde, em particular consigo, reunisse estes seus preciosos resquícios na construção do que vivenciava como segurança útil à manutenção daquela sua postura de mulher estruturada e resolvida pela entrega última do primeiro de tantos outros casos.

O rapaz apenas olhava o chão, pois nada podia fazer. No muito, sentia uma esperança ridícula lhe envergonhando um lugar estranho na alma, e ainda que buscasse um subterfúgio dentre o mais convincente dos enganos; necessário, o seu corpo, já resumindo ao corpo de um pobre coitado, se deslocava em todas as direções numa tentativa esmagadora de se encaixar no único tamanho e na única largura que ele, infelizmente, tinha. Porém, todo este entulho de constatações, apesar de fabricarem um nó doloroso de injúria em seu peito, aconteciam como um grande naufrágio silencioso e inevitável porque jamais poderia aguarrar-se nem mesmo à sua mesquinha vontade de herói sem feitos ou pior, perceber que este efeito já diagnosticava uma iminente armadilha para ele: ele mesmo.

Mas a desgraça no fim das contas, era não mais saber onde ficava o seu peito. E agora? Estaria na ponta dos dedos? No gato escondido da chuva que trovejava cair? Na traição sem traição cometida? No filho que gostaria de ver chamando-a de mãe? Em que músculo? Em que osso? Em que ilha? Onde, meu Deus? E a falta de todas estas respostas o humilhava como se originassem nele uma desgraça ainda maior: Sentir-se ao mesmo tempo, humanamente agradecido por não saber mais onde latejava o seu peito.

O fato é que, as palavras das quais ela fazia uso emergiam de uma glória coroada de camuflagens, ousadias, traumas e orgias que a mesma lhe expunha de maneira assustadoramente trivial, como se quisesse agredi-lo por pura caridade ao passo em que também aproveitava para se sentir honestamente cruel, pois não se achava cruel, talvez ela não fosse realmente cruel, mas tinha - ou melhor - ela devia convencer-se de que aquela crueldade, na verdade, não nascia de uma compaixão recheada de anseios recíprocos, sobretudo porque a contradição agora lhe fragilizava e isto representava um risco imperdoável diante da luxúria que sentia por ser uma mulher independente, sem apegos ou remorsos.
Até que tudo emudeceu sem motivo dentro daquele espaço onde ambos ficaram pensativos e surdos por instantes. Era um intervalo inesperado onde o rapaz poderia ter-lhe aplicado um soco firme em cima da boca como gostaria aquela bela cadela que certamente ela se orgulhava de ser, mas se odiou irremediavelmente porque na realidade faria isso num espasmo de agonia para roubar-lhe um beijo de amor; um beijo de absolvição; um beijo para resgatá-la de si mesma.

Mas, não. Sufocou o ímpeto, dividido como um assassino passional bebendo alguns goles de uísque diante do ato irremissível, e preferiu respirar descobrindo, sem susto algum, que havia esquecido de respirar.

Ela, por sua vez, deitou-se no sofá assim que pressentiu uma singular erupção lhe subindo do ventre à garganta; afrouxando suas amarras; dissolvendo-a; inundando-a por dentro, e neste momento não entendeu porque desejou dar um forte abraço em seu falecido avô, pois sentira com rara ternura e grave emoção a fatalidade essencial: o melhor medo de uma vida.

Ainda alí, o rapaz deixou escapar um movimento daquele estado ausente em que se achava; um movimento sem nome e que de imediato quebrou algo no ambiente pouco antes invisível, despertando-os daquele segundo secular e paralelo onde tudo ao redor havia se apagado também. Bastou. De súbito, ela engoliu à seco aquele tremor íntimo e maldito elaborando com emergência, um sorriso torto de compensação e em seguida, aproveitou, sem sutileza alguma, a mudança vertical nas coisas para se resgatar de uma vez por todas, retomando agora de modo amável, doce e sobretudo ferido que, gemia como uma prostituta não apenas porque o sexo se goza, mas porque sentia nas entranhas um prazer quase antropofágico quando os sicranos e/ou beltranos lhe apunhalavam energicamente a submissão e que, a sua maior satisfação, ela gritava, alcançava a plenitude quando a experiência em questão lhe proporcionava a certeza de que realmente era uma vagabunda e que esta certeza se confirmava principalmente se combinada com ofensas, esforços e safanões à medida em que lhe derramavam espumante gelado nas costas e nas partes.

Depois tudo fez-se reticência, e depois ela se voltou para o rapaz, mas encontrou apenas a porta e o portão abertos e só aí pôs-se, enfim, a chorar, convulsivamente.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Barra vento

Cada
atabaque
batucada
bate
batuca
batuca
batuca
atabaque

No bate que
bate de baque
pro
baque
batuca
batuca
batuca
atabaque

D'um toque'o
ataque pro
toque que
taque
batuca
batuca
batuca
atabaque

De toque pro baque
Do bate pro bate
catuba
catuba
catuba
atabaque

Que toque o ataque.
Que toque, atabaque!
Batuca batuca batucada bate.

Se'o toque d'ataque
se bate, que baque!
Batuca batuca
batuca atabaque
na roda que gire'o
toque te gira e o
baque te gira pro
toque de gira e
no baque te Sá
e na roda e Rá
e se gira, í Vá!

Mural 1#

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Império Três por Quatro

Bom! Já que a gente não bebe junto e nem se encontra por aí eu senti saudades e decidi arrumar um meio de evitar que a erosão nos destrua. Felizmente uns amigos se identificaram com a presença constante desta mesma distancia, e como a bebida é barata e o cigarro nunca falta, misturamos tudo em uma só direcção (…).

A Conclusão: Deveríamos ir para Acapulco, mas como não temos tanta cachaça para tanto resolvemos isso tocando. Ainda estamos em fase de teste, porém decidimos compartilhar esse processo com você.

http://imperiotresporquatro.tumblr.com/

Obs: todos os direitos autorais estão reservados ao autor.

https://twitter.com/I3x4

Voz e letra- Alex D'Castro
Violões- Sérgio Andrade e Alex D'Castro
Guitarras- Rodrigo Almeida


Agradecimentos:
Marcos de Paula,
Rodrigo Almeida,
Gouveia Menezes,
J. Barros,
André de Oliveira,
Júnior Holanda e
"Maria Flor".

*Estamos precisando de baterista, baixista e guitarrista.

Contato:
augusto_kstro@hotmail.com

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

pra Maria Flor (canção)










Agora que achei um bom lugar pra descansar
Teu olhar me convenceu que eu não devo fracassar.
Agora que roubei um bem melhor que evitar
Me falar não vai dizer no que pensei pra te agradar.

Tenho poucos amigos e um vinil de samba antigo
E muito tem me abatido ter vivido disso que só
Era esperar.

Só era esperar...

Agora quando ando distraído ou paro por aí, não sei
porém procuro te achar pra dividir que
eu gosto de gostar de ti, Paris.

Agora que passei a me guardar pra não errar
meu acerto planejado vem falhando em acertar.
Agora que não tinha quase nada pra empatar
descobri que é parte do jogo ser pior
pro que bom melhorar.

Tenho me arrependido por não ser um bom bandido.
O que é ruim é um mal relativo. Todo o resto é imprevisto.
Nada mais. Ademais, improviso. Meu amor!

Agora quando ando distraído ou paro por ai, não sei, porém
procuro te achar pra dividir porque te amar, Paris, é como sorrir.


(Alex D'Castro)